Assessoria de imprensa sempre foi uma lenda... muitos desconhecem sua função e importância dentro das empresas. A Laura veio bagunçar um pouco mais esse trabalho. Abaixo, um artigo muito bem escrito sobre a personagem da novela Passione, que desfila para baixo e para cima...
OS RELEASES DE LAURA
Carlos Alberto Silva
Diariamente, a novela Passione, da TV Globo, nos leva a viajar por uma trama onde não faltam mistérios, crimes, armações, traições amorosas e por aí vai. Tudo isto, muito bem temperado pela genialidade do autor Silvio de Abreu. Mas há alguns meses, uma personagem em particular tem me tirado o sono. Inserida na parte final da trama, Laura é a assessora de imprensa do Grupo Gouveia. Inicialmente, isto seria motivo de festejar, uma vez que, pelo menos que eu me lembre, este profissional é tratado pela primeira vez em uma novela das oito. Para os assessores de imprensa, ter sua função reconhecida em um blockbuster nacional, equiparada a outras carreiras tradicionais como Direito, Moda, é motivo de orgulho. Ou melhor, seria.
Laura pode ser tudo, menos assessora de imprensa. Seu personagem, quando não está preparando um press release para anunciar a venda de ações, várias substituições de presidente e inúmeros assassinatos, está fazendo cobrança de matérias positivas aos formadores de opinião, pelo que insinua, da editoria de Economia. Para o público em geral, fica uma interrogação: o que esta bela mulher faz de fato? Seu trabalho é redigir os tais press releases, expressão desconhecida para grande parte da população brasileira?
Um personagem como este, no mínimo, depõe contra a função. Se não, vejamos: ser assessor de imprensa é atuar diretamente na reputação da empresa. É o interface entre o formador de opinião e a organização onde trabalha. Lá recebe solicitações da mídia, mas, principalmente, trabalha com estratégia, com planos de divulgação. Cabe a ele colaborar na formação do executivo neste contato e procurar apresentar o cenário onde estará inserida sua participação na matéria. Outro ponto importante: diferentemente do que foi apresentado continuamente na novela, as informações recebidas pelo assessor são sigilosas e apenas divulgadas após a aprovação da alta direção da empresa. Portanto, esta história de roubar documentos, passar informações privilegiadas e, pior, fazer um press release como Dona Beth Gouveia mandou contra o próprio presidente da empresa é, no mínimo, um disparate.
Claro que o autor tem e deve usar a liberdade poética para levar a trama. Mas tratar uma profissão que sofre pelo desconhecimento, como uma atividade limitada a envio de informações, onde seus profissionais são desprovidos de ética, é um pouco demais.
A novela está em seus últimos capítulos. Fica difícil corrigir a situação. E o pior é que ainda o caldo pode engrossar, pois as chances de Laura ser a assassina é bem grande. Ou seja, além de falta de ética, vasculhar mesas dos superiores, ser desprovida de qualquer noção empresarial, será a responsável por uma das mortes da trama. Sempre restará a Laura uma saída: enviar releases aos seus contatos pedindo que a poupem de comentários sobre sua prisão.
Carlos Alberto Silva é diretor da Blue Comunicação
Laura pode ser tudo, menos assessora de imprensa. Seu personagem, quando não está preparando um press release para anunciar a venda de ações, várias substituições de presidente e inúmeros assassinatos, está fazendo cobrança de matérias positivas aos formadores de opinião, pelo que insinua, da editoria de Economia. Para o público em geral, fica uma interrogação: o que esta bela mulher faz de fato? Seu trabalho é redigir os tais press releases, expressão desconhecida para grande parte da população brasileira?
Um personagem como este, no mínimo, depõe contra a função. Se não, vejamos: ser assessor de imprensa é atuar diretamente na reputação da empresa. É o interface entre o formador de opinião e a organização onde trabalha. Lá recebe solicitações da mídia, mas, principalmente, trabalha com estratégia, com planos de divulgação. Cabe a ele colaborar na formação do executivo neste contato e procurar apresentar o cenário onde estará inserida sua participação na matéria. Outro ponto importante: diferentemente do que foi apresentado continuamente na novela, as informações recebidas pelo assessor são sigilosas e apenas divulgadas após a aprovação da alta direção da empresa. Portanto, esta história de roubar documentos, passar informações privilegiadas e, pior, fazer um press release como Dona Beth Gouveia mandou contra o próprio presidente da empresa é, no mínimo, um disparate.
Claro que o autor tem e deve usar a liberdade poética para levar a trama. Mas tratar uma profissão que sofre pelo desconhecimento, como uma atividade limitada a envio de informações, onde seus profissionais são desprovidos de ética, é um pouco demais.
A novela está em seus últimos capítulos. Fica difícil corrigir a situação. E o pior é que ainda o caldo pode engrossar, pois as chances de Laura ser a assassina é bem grande. Ou seja, além de falta de ética, vasculhar mesas dos superiores, ser desprovida de qualquer noção empresarial, será a responsável por uma das mortes da trama. Sempre restará a Laura uma saída: enviar releases aos seus contatos pedindo que a poupem de comentários sobre sua prisão.
Carlos Alberto Silva é diretor da Blue Comunicação
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